A leitura está em baixa, numa porcentagem maior em meio a nossos pequenos. Disso não tenho dúvidas. Hoje nossas crianças estão muito mais interessadas em passar as horas livres em jogos virtuais e eletrônicos do que ler uma boa e enriquecedora história de grandes autores da literatura infantil e juvenil, como Monteiro Lobato e Meg Cabout. Uma pena, afinal, o hábito da leitura para criança só trás benefícios como o aumento da concentração, prevenção de doenças como Mal de Alzheimer e incentivo a criatividade e raciocínio.
Tendo em vista que a leitura é um dom que todos nós temos, não dá para que nossos pequenos que sofrem com deficiência visual, fiquem desprovidos de tal possibilidade. Não mesmo. Se antes já existia a técnica de leitura em braille, recentemente (dia 26 de maio) foi lançado no Museu de Arte Contemporânea de Campinas (MACC), “Adélia Esquecida”, livro dedicado a todas as crianças, sem e com deficiência visual. O projeto é da escritora Lia Zatz e ilustrado pela artista plástica Luise Weiss e gira em torno da história de Adélia e sua vida cotidiana.
Livro “Adélia Esquecida” em braille
O livro “Adélia Esquecida”, além da linguagem em braile, tem um diferencial na técnica que conta com material que não fura o papel, dando mais qualidade e contrastando as ilustrações de cores mais vibrantes, relevos e texturas. Além disso, a criança pode sentir os aromas presentes no livro, que é multissensorial.SENSACIONAL, não acham?
Braile.BR é o nome do novo sistema de impressão que permite que o livro possa ser apreciado tanto por crianças portadoras de deficiência visual,quanto pelas com visão adequada, sem que a qualidade tenha prejuízo para ambos os públicos.
“Uma vez que se utiliza o design gráfico como ferramenta de acesso da pessoa com deficiência visual à literatura, o projeto assume características com alto valor de inclusão social e elimina o isolamento que permeia a vida de tantas crianças com deficiência, na escola ou fora dela”, explica a autora.
Com respeito ao livro de “Adélia”, o leitor poderá até mesmo sentir a trama da malha de lã da personagem, o cordão de seus sapatos e o zíper da sua roupa. O cheiro do couro e do jardim da parte externa da casa, quando Adélia sai para ir a escola também poderá ser apreciado pelos leitores graças aos recursos olfativos dessa fantástica criação.
Se uma leitura convencional já nos permite imaginar todo o cenário e personagens, imaginem só agora que nossas crianças poderão sentir o cheiro e tocar os detalhes das histórias? Incrível!